sábado, 9 de abril de 2011



EPÍSTOLAS PAULINAS OU DE PAULO

EPÍSTOLAS PAULINAS
Unidade I: introdução às Epístolas de Paulo
Professor, Especialista Nilton Carvalho.
PARTE I: INTRODUÇÃO ÀS EPÍSTOLAS DE PAULO

1.1. A cronologia do Novo testamento
·         O novo testamento é organizado a partir da vida e ministério de Jesus Cristo registrado nos quatro Evangelhos; Sinóticos: Mateus 50-75 d.C.; Marcos 65-70 d.C.; e Lucas 59-75 d.C. O quarto Evangelho: João 85 d.C., depois os Atos da Igreja Primitiva ou dos primeiros cristãos 62 d.C., somente depois as Epistolas de Paulo, ou Paulinas, ou Católicas, que começaram a ser escritas em 48 d.C., indo até provavelmente em 64 d.C., segue uma pequena cronologia teológica dos escritos de Paulo, onde há divergências entre teólogos conservadores e liberais:

Data e Autoria: Uma Comparação das Conclusões Conservadoras e Liberais: (1)



Conservadoras

Liberais
Epístolas
Agrupamento
Data Provável
Autor
Data Provável
Autor
Gálatas
Iniciais
48
Paulo
48-62
Paulo
1 Tessalonicenses
Iniciais
51
Paulo
50-51
Paulo
2 Tessalonicenses
Iniciais
51

Paulo

75-90
Desconhecido
1 Coríntios
Maiores
54-55
Paulo
55+
Paulo
Romanos
Maiores
55-56
Paulo
55-59 (Caps.1-15)
Paulo
2 Coríntios
Maiores
55-56
Paulo
55+
Paulo
Efésios
Prisão
61
Paulo
Antes 95
Desconhecido
Colossenses
Prisão
61
Paulo
54-90
Provavelmente Paulo
Filemom
Prisão
61
Paulo
59-62
Paulo

Filipenses

Prisão
62
Paulo
54-62
Paulo
1 Timóteo
Pastorais
62
Paulo
100-150
Desconhecido
Tito
Pastorais
63
Paulo
100-150 CE
Desconhecido
2 Timóteo
Pastorais
64
Paulo
100-150
Desconhecido
1.       Aqui utilizamos uma tabela elaborada por B. A. Robinson, na qual fizemos um arranjo que nos possibilitasse visualizarmos também as datas possíveis, pois é muito discutível a ordem Cronológica das Epistolas Paulinas.  Devemos notar que a ordem em que aparecem as cartas nas edições atuais da Bíblia não é cronológica. No caso especifico das Paulinas em primeiro lugar aparecem às cartas dirigidas às Igrejas, seguindo uma ordem decrescente de tamanho, depois vêm às cartas escritas a pessoas individuais.

·         Então, os escritos de Paulo surgiram antes dos Evangelhos, mas a ordem dos livros no Novo Testamento é a seguinte:
 Evangelhos
·         ·       Mateus
·         ·       Marcos
·         ·       Lucas
·         ·       João

Livro Histórico
·         ·       Atos dos Apóstolos

Cartas (Epístolas Paulinas)
·         ·       Romanos
·         ·       I Coríntios
·         ·       II Coríntios
·         ·       Gálatas
·         ·       Efésios
·         ·       Filipenses
·         ·       Colossenses
·         ·       I Tessalonicenses
·         ·       II Tessalonicenses
·         ·       I Timóteo
·         ·       II Timóteo
·         ·       Tito
·         ·       Filemon

Epistolas Gerais
·         ·       Hebreus
·         ·       Tiago
·         ·       I Pedro
·         ·       II Pedro
·         ·       I João
·         ·       II João
·         ·       III João
·         ·       Judas

Livro Profético
·         ·       Apocalipse (Revelação)
                           
·         A ordem cronológica do Novo Testamento é a seguinte:
         Como visto na classificação anterior, a ordem em que os livros do Novo Testamento foram arranjados é lógica em vez de cronológica. Como Ryrie explica:
“Primeiro vem os Evangelhos, que registram a vida de Cristo; depois Atos que dão a história da expansão do Cristianismo; em seguida as epistolas que mostram o desenvolvimento das doutrinas da igreja junto com seus problemas; e finalmente a visão da segunda vinda de Cristo no Apocalipse” (RYRIE, 2007, In. A Bíblia Anotada, páginas 907-908).
         Embora estudiosos da Bíblia difiram na data exata em que os livros do Novo Testamento foram escritos, a ordem cronológica da elaboração dos livros pode aproximadamente ser como segue:
Obs. As datas do quadro correspondem as suas respectivas cores.

Livro

Data (d.C.)

Livro

Data (d.C.)

Tiago

Gálatas
1 e 2 Tessalonicenses
Marcos
Mateus
1 Coríntios
2 Coríntios
Romanos
Lucas
Atos
Colossenses
Efésios
45-49
49
51
50s ou 60s
50s ou 60s
55
56
57-58
60
61
60-61
60-61

Filipenses

Filemom
1 Pedro
1 Timóteo
Tito
Hebreus
2 Pedro
2 Timóteo
Judas
João (evangelho)
1,2,3 João
Apocalipse
63
63-64
63-66
63-66
64-68
66
67
68-80
85-90
85-90
90-95
95




















1.2.As cartas ou epístolas de Paulo foram escritas para a Igreja Primitiva ou primeiros cristãos:
·         Não havia nenhum documento com pregações de Cristo escrito, as pregações e ensinamentos eram feitos oralmente;
·         A função das epistolas era discípular, orientar, nortear o recém convertido aos ensinamentos de Jesus, haja vista, não haver ainda um conjunto de doutrinas uniforme, somente a partir do Concílio da Igreja em Jerusalém, registrado em Atos 15, A fé cristã começa a ser codificada, diferentemente da fé judaica que tinha o seu Cânon Sagrado; o que nós conhecemos como Antigo Testamento. O Concílio de Jerusalém seria o marco definitivo da ruptura do judaísmo com o cristianismo. A admissão de gentios (não-judeus) era um fato de difícil compreensão para os cristão-judeus, que ainda se encontravam em parte presos às velhas tradições e práticas antigas do judaísmo. O Concílio foi presidido pelo Apóstolo Pedro, o Concílio de Jerusalém foi primeiro de muitos outros. Nele foi deliberado o batismo de não-judeus sem necessidade de circuncisão, a salvação é pela fé e pela graça e não pela observância da Lei, os não-judeus deveriam abandonar os ídolos, os sacrifícios pagãos, as relações sexuais ilícitas e viverem em novidade de vida (At. 15:1-35).
·          Jesus não deixou nada escrito, seus discípulos e discípulos dos seus discípulos, escreveram tudo que conhecemos sobre ele. Estes escritos serviram para os cristãos do primeiro século e para todas as gerações de crentes subsequentes até aos dias de hoje;
·         As cartas de Paulo são de caráter doutrinário, orientadoras sobre paganismo e judaísmo, mostram a autoridade de Cristo sobre o pecado, à morte e sobre os demônios, falam sobre a queda, redenção, eleição, adoção, pré-destinação e salvação do ser humano. Fala sobre a segunda vinda de Cristo, sobre julgamento final, o dia do Senhor e/ou dia de Cristo[1], defesa de seu apostolado[2], instruções aos seus jovens colaboradores que enfrentavam problemas pastorais e muitos outros assuntos que veremos à frente;
·         A forma literária usada por Paulo. Carta ou Epístola, onde se diferem?
a)      A carta conforme Hale (2001) era um veículo de comunicação usada por governos, comerciantes ou pessoas comuns no uso particular. Não eram datadas e eram enviadas por pessoas de confiança. Seu fim era informar ao publico ou alguém acerca de algo, um problema ou situação especifica. Era de certa forma breve e objetiva, como uma mensagem de MSN ou Twitter de hoje em dia. As cartas particulares tinham em média 90 palavras, já as missivas[3] e literárias que caracterizavam uma epístola tinham em média duzentas palavras, eram geralmente escritas em papiro[4] que mediam 34 cm, de largura e 28 cm, de comprimento, podendo acomodar entre 150 a 250 palavras, dependendo do tamanho da escrita. Todavia a maioria das cartas à época de Paulo não ocupavam mais que uma folha de papiro (GUNDRY, 1999).
b)      A estética e ordem de uma carta eram a seguinte (GUNDRY, 1999): lembrando que na maioria das vezes Paulo ditou e um amanuense[5] escreveu o seu ditado.  Iniciava-se então a carta, com uma saudação, incluindo o nome de quem a enviava e o nome do endereçado, usualmente usava-se expressões atinentes[6] à boa saúde e ao bom êxito do endereçado. Vinha, então, o desenvolvimento do assunto, a despedida e ocasionalmente a assinatura do remetente (HALE, 2001).
v Exemplo: 1º Timóteo cap. 1; observe à estética e a ordem dos assuntos,
1.      Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa,
2.      A Timóteo meu verdadeiro filho na fé: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor.
3.      Como te roguei, quando parti para a macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina [...] segue-se o desenvolvimento dos assuntos.
v  Veja a conclusão:
     20. Ó Timóteo guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e ás oposições da falsamente chamada ciência,
     21. A qual, professando-a alguns, se s desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém.
v  Observe agora a saudação final de Paulo em I Coríntios 16 versículos 19-24:
       Às igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Aqüila e Priscila, com a igreja que está em sua casa. Todos os irmãos vos saúdam. Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Saudação da minha própria mão, de Paulo. Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema. Maranata!A graça do Senhor Jesus Cristo seja convosco. O meu amor seja com todos vós em Cristo Jesus. Amém!
c)         As dimensões das cartas de Paulo são as seguintes, a mais curta que é a endereçada a Filemom, tinha 335 palavras (lembrando que a média de uma carta à época era de 90 palavras) e a mais extensa a de Romanos com 7.101 palavras. A média de Paulo elevou-se a 1300 palavras (GUNDRY, 1999). Por isso os críticos discutem sobre o assunto e levantam hipóteses Paulo escreveu cartas ou epístolas, muitos dizem que as duas coisas (HALE, 2001 e GUNDRY, 1999).
d)         Segundo Hale (2001), os escritos de Paulo caracterizam-se como “cartas particulares”, contudo são classificadas como epistolas, pois estas tinham em média 200 palavras e seus conteúdos eram generalizados, ou seja, eram escritas para uma coletividade e não para uma pessoa em si. Neste sentido as cartas de Paulo não podem incidir dentro da categoria normal de uma carta. Conforme Gundry (1999), Paulo inaugura uma nova modalidade de carta, a EPÍSTOLA, por ser carta prolongada, ter uma natureza teológica e natureza comunitária de seus destinatários, tendo, portanto finalidade de ser publicada. Elas foram dirigidas hora a alguém, hora a uma coletividade.
v  Exemplo I: 1ª Coríntios 1-3: a uma coletividade,
Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus), e o irmão Sóstenes. À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: Graça e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
v  Exemplo II: Tito 1:1-4: a um indivíduo em particular,
Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos; Mas há seu tempo manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador. A Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: Graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador.
Contudo, todos os escritos de Paulo serviram para orientar os crentes do primeiro século, como os demais até aos dias de hoje.
e)         A importância de Paulo na elaboração da fé cristã, sua vida e numero de cartas escritas com sua metodologia:
         Paulo, nome grego do latim Paulus (Παύλος, pequeno, pouco, de estatura pequena), denotava sua cidadania romana, haja vista, seu pai ser romano por naturalização, mas hebreu da tribo de Benjamim, inicialmente chamado de Saulo (heb. שאול , Sha`ûl), nome hebraico devido sua cidadania judia e de uso no ceio da família, nascido aproximadamente em 09 d.C. na cidade de Tarso, capital da província romana da Cilícia, terceira cidade mais importante do Império Romano em educação, perdendo somente para Atenas e Antioquia (HALE, 2001). Era um judeu da Diáspora (Dispersão), de uma importante e rica família, aos 14 anos começou sua formação rabínica, tendo criação rígida no cumprimento das rigorosas normas dos fariseus, classe religiosa dominante daquela época, Paulo foi ensinado a ter o orgulho racial tão peculiar aos judeus da antiguidade. Em Tarso estudou na sinagoga local e provavelmente frequentou as escolas superiores estudando filosofia, retórica e lógica.
         Ainda em sua adolescência foi enviado a Jerusalém para estudar a lei rabínica aos pés de Gamaliel, famoso mestre por lá (At. 22:3). Gamaliel era um rabino que seguia a escola liberal de interpretação de Hillel[7] sua popularidade era tão grande que exigia que o Sinédrio o ouvisse (At. 5:34). Quando se mudou para Jerusalém, para se tornar um dos principais dos sacerdotes do Templo de Salomão, Paulo deparou-se com uma seita iniciante que tinha nascido dentro do judaísmo, mas que era contrária aos principais ensinos farisaicos. Paulo foi fabricante de tendas, provavelmente após se tornar cristão, todavia, depois de Jesus é considerado a figura mais importante do cristianismo (GUNDRY, 1999).
         Dentro da extrema honestidade para com a sua fé e sentindo-se profundamente ofendida com esta seita, que se chamava cristã, não que Paulo fizesse parte do “Conselho dos Anciãos” (gre. Συνεδριον; Sunedrion: Sinédrio), mas por zelo ao judaísmo começou a persegui-la, culminando com a morte de Estevão, que era diácono e grande pregador cristão, tornando-se o primeiro mártir do cristianismo. No ano de 32 d.C.(na verdade 35 d.C., visto que Jesus morreu com 33 anos, haja vista, nosso calendário ter erro de quase cinco anos), dois anos após a crucificação de Jesus, Saulo viajou para Damasco atrás de seguidores do Nazareno. Na estrada desta cidade, teve uma visão de Jesus, que em lhe perguntava: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (At. 9), ficou cego imediatamente e, entrando na cidade, foi curado por um cristão chamado Ananias sendo assim convertido ao cristianismo, mudando o seu nome para Paulo (HALE, 2001).
         Paulo, a partir de então, se tornaria o "Apóstolo dos Gentios", ou seja, aquele enviado para disseminar o Evangelho para o povo não judeu. Em 39 d.C., foi a Jerusalém, levado por Barnabé, para se encontrar com os apóstolos, líderes da principal comunidade cristã até então. Durante 16 anos, após sua conversão, ele pregou no vale do Jordão, na Síria e na Cilícia. Foi especialmente perseguido pelos judeus, que o consideravam um grande traidor. Fez quatro grandes viagens missionárias: 1ª Viagem (46-48 d.C.), 2ª Viagem (49-52 d.C.), 3ª Viagem (53-57 d.C.), 4ª Viagem (59-62 d.C.), sendo que na última foi a Roma como prisioneiro, para ser julgado, e nunca mais retornou para a Judéia (HALE, 200). Abaixo quadros mais detalhados das viagens, obras e ações de Paulo:

Ordem em que as cartas  foram escritas
Depois da 1ª Viagem
Gálatas
Na 2ª Viagem
I e II Tessalonicenses
Na 3ª Viagem
Romanos, I e II Coríntios (Gálatas?)
Na Prisão (primeiro período em Roma)
Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemom,
Período de Liberdade (Nicópolis - Tt 3.12)
I Timóteo e Tito
Na prisão (segundo período em Roma)
II Timóteo

Divisões das Epistolas Paulinas
Tema
Destina às Igrejas
Destinadas a Indivíduos
Cartas Circulares
Doutrina e Prática
(aproximadamente 1.300 palavras)
Romanos,
I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses,
I e II Tessalonicenses;
  I e II Timóteo, Tito e Filemom
Gálatas e Efésios

Estrutura das Epístolas Paulinas
Saudação
Todas possuem
Agradecimento
Exceto I Timóteo, Tito, I e II Coríntios
Doutrina
Todas possuem
Aplicação Prática
Todas possuem
Saudação Pessoal
Exceto II Coríntios, I Timóteo, Gálatas e II Tessalonicenses
 Doxologia[8]
Todas possuem

Características das Epistolas Paulinas
Doutrina Formal
Romanos, Gálatas e Efésios
Doutrina Dura
II Coríntios, Gálatas e I Coríntios
Afetuosa
Filipenses
Autobiográfica
II Coríntios e Gálatas
Vitoriosa
II Timóteo
Prática
Romanos, I Coríntios, Efésios e Filipenses
Circular
Gálatas e Efésios
       
         Através de suas cartas, Paulo transmitiu às comunidades cristãs e aos seus discípulos uma fé fervorosa em Jesus Cristo, na sua morte e ressurreição. A esta fé soma-se um fator fundamental: o seu temperamento, que era passional, enérgico, ativo, corajoso e também capaz de idéias elevadas e poéticas. Os leitores de Paulo no primeiro século podiam responder oralmente às pessoas e à comunidade a respeito das doutrinas e ensinamentos da nova fé. Daí o caráter geralmente circunstancial destes escritos, que não tinham propósitos propriamente teológicos (HALE, 200). Paulo era, antes de mais, um missionário: “Ai de mim, se eu não evangelizar!” (1Cor 9,16 ).
         A Carta aos Romanos é a exceção mais evidente a este respeito; Colossenses e Efésios preocupam-se mais com a teologia da Igreja do que com os problemas das igrejas. Tudo isto nos manifesta quais eram os problemas e as necessidades das primeiras comunidades cristãs, tanto judaicas como helenistas, às quais Paulo respondeu a partir dos seus escritos embasados no Evangelho de Jesus Cristo. Um exemplo de tudo isto é o fato de Paulo falar apenas uma vez sobre a Ceia do Senhor (1Cor 11:17-34), para responder aos abusos que haviam na comunidade de Corinto (HALE, 2001).
         Gêneros literários e estrutura, as Cartas de Paulo encerram gêneros literários bem diferentes: desde o tratado teológico sobre a fé, da Carta aos Romanos, até ao simples bilhete a Filemon, passando pela multiplicidade temática de 1 e 2 Coríntios. Estes gêneros literários devem-se, sobretudo ao circunstancialismo das suas Cartas, mas também ao temperamento arrebatado de Paulo, unido à sua espiritualidade de convertido. Não se pode ainda esquecer os métodos da exegese rabínica em que Paulo era mestre, por ter frequentado à escola de Gamaliel, assim como a linguagem própria de um semita (GUNDRY, 1999).  
         Por tudo isto, utiliza frequentemente à linguagem da diatribe cínico-estóica[9] e da antítese[10] e do exagero semita (Gl 3:19; 1 Cor 2:2). As grandes antíteses de conteúdo teológico de Paulo são: Vida/Morte, Carne/Espírito, Luz/Treva, Sono/Vigília, Sabedoria/Loucura da Cruz, Letra/Espírito, Lei/Graça (2 Cor 3:1-16). As Cartas de Paulo têm uma estrutura própria deste gênero literário (GUNDRY, 1999).  No ano de 65 d.C., a 29 de junho conforme se supõe Paulo foi morto pelas Legiões Romanas, nas perseguições aos Cristãos instauradas por Nero, depois do grande incêndio de Roma, teve morte por decapitação (HALE, 2001).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento, 3ª Ed. Trad. Martin Dreher e Ilson Kayser; São Paulo,SP; Academia Cristã, 2007.
ELWELL, Walter A. Entrada para 'Dia do Senhor, Deus, Cristo, o. In.  “Evangelical Dictionary of Theology”; páginas 119-25. Baker Book House Company; EUA, 1997.
FERNADES, Francisco. Dicionário Brasileiro Globo, 51 ed. São Paulo, SP; Globo 1999.
GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. São Paulo, SP; Edições Vida Nova, 1999.
HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. São Paulo, SP; Hagnos, 2001.
PLENITUDE, Bíblia de Estudo, Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2001.
RYRIE, Charles C., A Bíblia Anotada: edição expandida. Ed. Revista e expandida, São Paulo – SP: Mundo Cristão; Barueri, SP; Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.
WIKIPEDIA, a enciclopédia livre. A Doxologia: disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Doxologia; acesso em 07/04/2011.
__________ a enciclopédia livre. Fariseus: disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fariseus; acesso em 08/04/2011.

Professor Nilton Carvalho é Historiador, Especialista em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), Teólogo e mestrando em Ciências da Religião. ndc30@hotmail.com

PROFESSOR, ESPECIALISTA NILTON CARVALHO
Prova de introdução às Epístolas de Paulo

Aluno (a):____________________________________________________Nota:_____

ATENÇÃO: As questões “um e dois” foram elaboradas em forma de múltipla escolha, porém, apenas uma resposta para cada questão é CORRETA, por isso marque (X).
BOA PROVA E QUE DEUS TE ABENÇOE!
QUESTÃO 01. As Cartas ou, Epístolas Pastorais escritas por Paulo são:
(A) Timóteo e Tito.
(B) Filemom e Tito.
(C) Timóteo e Tessalonicenses.
(D) Tito e Gálatas.
QUESTÃO 02. As cartas Pastorais diferem das demais, basicamente nos seguintes pontos:
(A) Elas são direcionadas às igrejas.
(B) Elas tratam de assuntos voltados a edificação do Corpo de Cristo.
(C) Elas são dirigidas a pessoas que exercem o pastorado e lideram seus assistentes.
(D) Elas são destinadas aos judeus e gentios.
QUESTÃO 03: Qual é a ordem cronológica das epístolas de Paulo segundo Hale (2001)? Páginas 197 a 204 do livro, ou vide quadro das páginas 01 e 02 do esquema, ala dos conservadores.
QUESTÃO 04: Segundo Hale (2001) quais eram as preocupações dos colossenses e dos efésios?
QUESTÃO 05: Explique o que é ‘antítese’ e cite exemplos usados por Paulo.
                                                                                         



[1] 2Ts 2:2 “Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo (ou dia do Senhor) estivesse já perto”. O "Dia de Cristo" ou "dia do Senhor" é a vinda de Cristo quando todo olho o verá, depois do arrebatamento e no final da grande tribulação, embora possa também ser considerado aí o período de tribulação pois esta faz parte dos juízos que cairão sobre a terra. É um "dia" de juízo para este mundo.
A preocupação dos Tessalonicenses não estava em achar que Cristo já tinha vindo, porque eles obviamente sabiam que não tinha vindo. Eles estavam preocupados que o "dia de Cristo" estivesse se aproximando e que eles seriam pegos por ele (Elwell, Walter A. Entrada para 'Dia do Senhor, Deus, Cristo, o. páginas 119-25"Evangelical Dictionary of Theology"; Baker Books, EUA, 1997).
[2] - Paulo foi acusado de ser volúvel e fraco (2Cor 10,10); Ambicioso (2Cor 10,12-17); Sem amor pela comunidade (2Cor 11,7-11); Inferior aos outros evangelizadores (2Cor 11,4-5); Falso Apóstolo (2Cor 11,12-13); Foi gravemente injuriado (2Cor 2,5-11; 7,12); Paulo se defende vigorosamente, porque está em causa o Evangelho que quer anunciar (2Cor 12,19);(PLENITUDE, 2001, In. 2ª Carta de Paulo aos Coríntios).
[3] MISSIVA: Carta, epístola, bilhete que se manda a alguém (FERNANDES, 1999).
[4] PAPIRO: Planta, da família das cyperaceas, é muito comum nas margens de rios da África. As folhas são longas e fibrosas, um pouco semelhantes às folhas de cana-de-açúcar. No Egito Antigo, o papiro era encontrado nas margens do rio Nilo. Foi muito utilizado pelos egípcios para diversos propósitos. As folhas eram sobrepostas e trabalhadas para serem transformadas numa espécie de papel, conhecido pelo mesmo nome da planta. Este papel (papiro) era utilizado pelos escribas egípcios para escreverem textos e registrarem as contas do império. Vários rolos de papiro, contando a vida dos faraós, foram encontrados pelos arqueólogos nas pirâmides egípcias (FERNADES, 1999).
[5] Amanuense era todo aquele que copiava textos ou documentos à mão. A palavra amanuense provém do latim amanuense: Escrevente e copista são sinônimos de amanuense (FERNADES, 1999).  
[6] Atinentes: concernente, relativo, pertinente, que diz respeito (FERNADES, 1999).  
[7] Duas escolas de interpretação religiosa se desenvolveram no seio dos perushim (Fariseus) e se tornaram famosas: a escola de Hillel e a escola de Shammai. A escola de Hillel era considerada mais "liberal" na sua interpretação da Lei, enquanto a de Shamai era mais estrita. Aceitavam a Torah escrita e as tradições da Torah oral, na unicidade do Criador, criam na ressurreição dos mortos, em anjos e demônios, no julgamento futuro e na vinda do rei Messias. Eram os principais mestres nas sinagogas, o que os favoreceu como elemento de influência dentro do judaísmo após a destruição do Templo. São precursores por suas filosofias e idéias do judaísmo rabínico que é o atual judaísmo (fonte:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Fariseus; com adaptações; acesso em 08/04/2011).
[8] Doxologia (Do gr. Δοχολογια: glorificação) foi uma fórmula de louvor e glorificação frequente no AT, aplicada a heróis e heroínas (p.ex. Davi) e principalmente a Deus. No NT, embora apareça referida a pessoas humanas (especialmente a Maria e Isabel), dirige-se habitualmente a Deus. Na tradição da Igreja, foram-se fixando desde os primeiros séculos várias fórmulas de doxologia, para uso litúrgico e da devoção popular, de que a mais divulgada é “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo…” muito usada por Paulo. Entre os hinos, tem especial importância o “Glória a Deus nas alturas...” Merece também referência a série de aclamações que começa com “Bendito seja Deus...”(fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Doxologia com adaptações; acesso em 07/04/2011).
[9] Diatribe cínico-estóica:  sf. (lat. diatriba, gr diatribé) escrito violento e injurioso. Crítica acerba, espécie de debate judiciário onde o interlocutor, imaginário na maior parte das vezes, é vivamente contestado (BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento, Editora Academia Cristã, 2007, 3ª Ed. Trad. Martin Dreher e Ilson Kayser ).
[10] Antítese: é uma das mais conhecidas e usadas figuras de linguagem da língua portuguesa. Ela consiste na aproximação de palavras que expressam ideias contrárias ou que consiste na exposição de ideias  opostas. Ex.: Não existiria som se não fosse o silêncio. Não existiria luz se não fosse à escuridão (fonte: http://www.oragoo.net/o-que-e-uma-antitese/ acesso em 07/04/2011).

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