INTRODUÇÃO
O livro se compõe de duas partes principais: Na parte I (Dn 1-6), registram-se histórias passadas sob o domínio dos persas, mostrando como Daniel e seus companheiros se dedicaram aos poderosos do império e permaneceram fiéis à sua religião; assim foram salvos por Deus. Na parte II (Dn 7-12), em linguagem figurada, própria da apocalíptica, o autor divide a história em etapas, mostrando o conflito entre as grandes potências. Ressalta que se aproxima a última etapa da história: ou seja, o Reino de Deus está para ser implantado; aqui se percebe como o Messias vindouro é esperado; por isso, é preciso ter ânimo e coragem para resistir ao opressor, permanecendo fiel, ou seja, continuar aguardando o cumprimento das promessas de YAHWEH que contém as seguintes visões: cap. 7 - as quatro feras; cap. 8 - o bode e o carneiro; cap. 9 - as setenta semanas; caps. 10 a 12 - Tempo da cólera e Tempo do fim. Onde se percebem as seguintes porções seletas de forma simples no conteúdo textual do livro: O propósito de Daniel, 1:8. (2) A pedra do monte, 2:44-45. (3) A resposta dos três jovens hebreus, 3:16-18. (4) A festa de Belsazar, cap. 5. (5) Daniel na cova dos leões, 6:1-24. (6) A visão do juízo, 7:9-14. (7) A promessa aos ganhadores de almas, 12:3.O Conteúdo tem como propósito mostrar como o Deus de Israel, o único Deus, mantém sob seu controle o destino de todas as nações. O livro se compõe de três partes principais no conteúdo textual: Introdução à pessoa de Daniel (1), os testes decisivos de seu caráter, o desenvolvimento de suas habilidades de interpretação profética (2-7) e a série de visões de sobre reinos e acontecimentos futuros (8-12). Nesta parte final, Daniel se apresenta como livro profético básico para a compreensão de muitas coisas da Bíblia.
Muitos aspectos de profecias relacionadas com os tempos do fim dependem da compreensão deste livro, por isso, durante a dissertação, podem ser observadas as regras de exegese durante a leitura. Por exemplo, os comentários de Jesus no Sermão do Monte das Oliveiras (Mt 24; 25) e muitas das revelações dadas ao apóstolo Paulo encontram harmonia e coesão em Daniel, onde ambos podem ser “Profético,” “Tipológico,” e “Cristológico” (Rm 11; II Ts 2). Da mesma forma, Daniel se torna um companheiro de estudo necessário do livro do Apocalipse. Embora as interpretações de Daniel, como também do Apocalipse, sejam feita de maneira bastante diversificada, para muitos o enfoque da dispensação tornou-se bastante aceito. Esse enfoque na interpretação encontra em Daniel as chaves que ajudam a desvendar os mistérios de assuntos como o Anticristo, a grande tribulação, a segunda vinda de Cristo, os Tempos dos Gentios, as ressurreições futuras e juízos. Esse enfoque também vê as profecias que ainda estão por se cumprir girando em torno de dois eixos principais: 1) o destino futuro da cidade de Jerusalém; 2) o destino futuro do povo de Daniel; judeus nacionais (9.24). Os escritos de Daniel cobrem o governo de dois reinos, Babilônia e Medo-Persa, e quatro reis: Nabucodonosor (2.11-4.37); Belsazar (5.1-31); Dario (6.1-28) e Ciro (10.1-11.1).
COMPREENSÃO DOS EVENTOS
Daniel foi deportado, enquanto adolescente, no ano de 605 a.C., para a Babilônia, onde viveu mais de sessenta anos. Possivelmente fosse de uma família nobre de Jerusalém. Inicialmente, Daniel serviu como estagiário na corte de Nabucodonosor. Mais tarde, tornou-se conselheiro de reis estrangeiros. A importância de Daniel como profeta foi confirmada por Jesus em Mt 24.15. O nome Daniel significa “Deus é meu juiz” (aqui não reconhecemos o nome ‘JEOVÁ erroneamente traduzido do hebraico, os seminários protestantes e católicos e as sociedades bíblicas de todo o mundo chegaram a uma convenção de não chamar Deus mais por esse nome que não é reconhecido pelos judeus e que foi um equivoco na tradução do padre João Ferreira de Almeida, que era holandês com missão em países de língua portuguesa. Qualquer duvida enviar e-mail para ndc30@hotmail.com; para maiores esclarecimentos). Sua inabalável consagração a YAHWEH e sua lealdade ao povo de Deus comprovaram fortemente essa verdade na vida de Daniel.Embora o cerco e a deportação de cativos para a Babilônia tenham durado vários anos, os homens fortes e corajosos, os habilitados e os instruídos foram retirados de Jerusalém logo no início da guerra (II Rs 24.14). A data do cativeiro de Daniel costumeiramente aceita é de 605 a.C., sua profecia abrange o espaço de tempo de sua vida. Todavia, milhares de cativos de Judá foram levados para o exílio na Babilônia, entre 605 a 582 a.C., os tesouros do palácio de Salomão e do templo também foram levados. Os babilônios haviam subjugado todas as províncias governadas pela Assíria e haviam consolidado o seu império numa área que abrangia grande parte do Oriente Médio. Para governar um reino tão diversificado numa área de tamanha extensão, necessitava-se de uma burocracia administrativa especial. Escravos instruídos ou habilitados que as circunstâncias requeriam tornaram-se a mão de obra do governo. Por causa de sua sabedoria, conhecimento e boa aparência, quatro jovens hebreus foram selecionados para o programa de treinamento (1.4). Devido ao caráter excepcional de Daniel, Hananias, Misael e Azarias, estes jovens foram contemplados com funções relevantes no palácio do rei. Daniel sobrepujou a todos os homens sábios daquele vasto império (6.1-3).
REFERÊNCIAS MESSIÂNICAS E ESCATOLÓGICAS
A primeira vez que se vê Cristo na narrativa do livro é na figura do “quarto homem” ao lado de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (Hananias, Misael e Azarias) na fornalha de fogo (3.25). Os três permaneceram fiéis ao seu Deus; agora, Deus permanece fiel a eles no fogo do julgamento e livra-os, inclusive do “cheiro de fogo” (3.27). Outra referência a Cristo se encontra na visão da noite de Daniel (7.13). Ele descreve “que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do Homem”, referindo-se à segunda vinda de Cristo. Mais uma visão de Cristo se acha em 10.5-6, onde a descrição de Jesus é bastante idêntica à de João em Ap 1.13-16. A habilidade de Daniel e dos outros hebreus de interpretarem sonhos se devia ao poder do Espírito Santo. As profecias, tanto as que se aplicavam ao local quanto ao futuro, indicam discernimento sobrenatural dado a Daniel pelo Espírito Santo.Daniel 10-12 e Daniel 7 também compartilham entre si da mesma preocupação em descrever a seqüência de reinos e poderes que estariam diretamente relacionados com o povo de Deus até o final dos tempos. A seqüência é a mesma, salvo pelo fato de Daniel 7 começar primeiro por Babilônia (leão), enquanto que Daniel 10-12 inicia-se com os Persas. Entretanto, não há contradição, porque em Daniel 7 o império babilônico ainda existia, e em Daniel 10-12 já havia sido conquistado pelos Medos-Persas. Assim, o “urso” de Daniel 7:5, 17 corresponde aos reis persas de Daniel 10:1, 13, 20 e 11:12. O leopardo com 4 asas e 4 cabeças (Dn 7:6, 17), a quem foi dado o domínio, corresponde ao poderoso rei da Grécia, cujo reino seria dividido aos quatro ventos dos céus (Dn 10:20; 11:3-13). O “animal terrível” com dez chifres, dentre os quais um chifre pequeno com boca e olhos de homem (Dn 7:7-8, 19-25), aparece em paralelo com o “Rei do Norte” em Daniel 11:14-45. Ambos blasfemam contra o Altíssimo (Dn 7:8, 24-25; 11:36-39), perseguem os santos e tentam destruí-los (Dn 7:21, 25; 11:15, 33-35). O tempo em que os santos lhe serão entregues nas mãos é o mesmo, “um tempo, tempos e metade de um tempo” (Dn 7:25, 12:7; Dn 11:33, 35).
Após esse período vem o Juízo, quando os livros serão inspecionados (Dn 7:10; 12:1). Esse Juízo traz destruição para os poderes que lutam contra Deus e os ímpios, e justificação e libertação ao perseguido povo do Altíssimo (Dn 7:9-12, 22, 26-27; 11:35, 45; 12:1-3). Em Daniel 7, esse Juízo está associado à figura do Filho do homem (Dn 7:13-14), enquanto que em Daniel 10-12 está associado com Miguel, o Grande Príncipe (Dn 12:1-3). Os períodos proféticos dos três tempos e meio, dos 1.290 dias e dos 1.335 dias são partes do grande período profético das 2300 tardes e manhãs. Portanto, estão no passado.
Por fim, o paralelo entre Daniel 12:5-7 e 8:13-16 indica que foi esse mesmo Ser divino, vestido em vestes sacerdotais, quem declarou, de forma solene, o tempo que duraria a supremacia da “Abominação Assoladora”, e quando começaria o Juízo divino para julgar o Chifre Pequeno, para destruí-lo e para vindicar o santuário de Deus e os santos do Altíssimo. A descrição da cena em ambos os capítulos é idêntica: O Ser divino com aparência de um homem está sobre as águas de um rio (Dn 12:6; 8:16), um outro ser celestial que está às margens do rio faz a pergunta: “Ad Matai” (מתי עד Até quando? Dn 12:6; 8:13). O Ser divino responde dando uma cifra de tempo (Dn 12:7, “tempo, tempos e metade de um tempo”; Dn 8:14, “até duas mil e trezentas tardes e manhãs”). Estes dois períodos estão ligados ao tempo de supremacia da “Transgressão Assoladora”, ou seja, do “Chifre Pequeno” (Dn 12:7; 8:13). O texto claramente expõe que o enfoque desses tempos proféticos é o final do tempo da destruição do povo santo. Esse tempo de destruição foi marcado pelo fato do “Contínuo” ter sido tirado e estabelecido a “Abominação Desoladora” (Dn 12:7, 11; 8:13).
Professor Nilton Carvalho é Historiador, Especialista em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), Teólogo e mestrando em Ciências da Religião. ndc30@hotmail.com; http://www.palavradevidaemcristo.blogspot.com/;http://historiaeculturandc.blogspot.com/;http://twitter.com/#!/profnilton07
REFERÊNCIAS  
CABRAL, Elienai. GILBERTO, Antonio. Lições Bíblicas: Escatologia, o estudo das últimas coisas. Rio de Janeiro - RJ. Editora: CPAD, 1998.GILBERTO, Antonio. Daniel e apocalipse. Rio de Janeiro - RJ: CPAD, 1998.
IRONSIDE, H. A, Estudos sobre o profeta Daniel. 1ª edição em português: dezembro, 2003. Local não informado, disponível em: http://www.centrodabiblia.org/mediapool/30/302065/data/Daniel_Ironside.pdf
KIRST, N. et alii Dicionário Hebraico-Português e Aramaico-Português. 21. ed. São Leopoldo/Petrópolis: Sinodal/Vozes, 2008.
LIÇÃO 1. Exegese do Antigo Testamento, Faculdade Teológica Moriah, Rio de Janeiro, RJ, 2002.
PLENITUDE, Bíblia de Estudo, Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2001.
RYRIE, Charles C., A Bíblia Anotada: edição expandida. Ed. Revista e expandida, São Paulo – SP: Mundo Cristão; Barueri – SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.
UNIVERSAL, Dicionário Bíblico, editora Vida, São Paulo, SP: 1981.



 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário