TEOLOGIA SISTEMÁTICA
UNIDADE III: A DOUTRINA DO HOMEM E DO PECADO
Professor, Especialista Nilton Carvalho.
INTRODUÇÃO:
Relembrando o conceito de Teologia Sistemática: Conforme Reymond (1998), Teologia hoje é o discurso racional acerca de Deus a partir dos dados advindos de um livro revelado: Bíblia, Alcorão, etc. Portanto, a palavra “teologia”, significa “estudo, doutrina, tratado acerca de Deus”. A palavra “sistemática” se refere a algo que colocamos em um sistema. Teologia Sistemática é, então, a divisão da Teologia em sistemas que explicam suas várias áreas. Por exemplo, muitos livros da Bíblia dão informações sobre o homem e o pecado. Porém, não há em um livro sozinho com todas as informações sobre o homem e o pecado. A Teologia Sistemática, então, coleta todas as informações sobre o homem e o pecado contidas nos livros da Bíblia e as organiza em um sistema que chamamos de: A DOUTRINA DO HOMEM E DO PECADO. Isto é a Teologia Sistemática, ou seja, é a organização de ensinamentos da Bíblia em sistemas de categorias, neste caso Rosa (2008) organizou para nós as categorias de ensinamentos sobre o homem e sobre o pecado.
A Teologia Sistemática é uma importante ferramenta para nos ajudar a compreender e ensinar a Bíblia de uma forma organizada. Codificar e sistematizar as informações bíblicas são funções da Teologia Sistemática.
Em suma, a Teologia Sistemática é o estudo metodológico da Bíblia que analisa a Escritura Sagrada como uma completa revelação divina. Deste modo, o teólogo sistemático analisa as Escrituras como uma revelação completa, buscando entender holisticamente[1] o plano, o propósito e a intenção didática da mente divina revelada na Sagrada Escritura. Organizando assim, o plano, o propósito e a intenção didática divina numa visão macro, no sentido lato sensu[2] dos ensinamentos contidos na Bíblia, de modo ordenado para uma visão micro, no sentido stricto sensu[3], numa apresentação coerente dos artigos da fé cristã de modo que o estudante da Teologia Sistemática entenda os ensinamentos sagrados.
CAPÍTULO 1: A ORIGEM DO HOMEM (ROSA, 2008)
· Durante séculos o homem vem se indagado; de onde vim? O que estou fazendo aqui? Para onde vou? Para tais respostas temos duas teorias muito aceitas em nossos dias; uma é a Teoria da Evolução das Espécies/Evolucionismo[4], que surgiu não com a finalidade de explicar a criação divina, mas surgiu com o objeto de refutá-la, a outra é a Teoria da Criação divina/Criacionismo[5]; que como idéia e, não como doutrina, já existia desde os tempos remotos do Egito, da Pérsia e Babilônia, depois ratificada pelos hebreus e pela Igreja até aos dias de hoje.
1.1. A teoria da Evolução/Evolucionismo (ROSA, 2008):
· Tudo começa com a Teoria de Lamarck (Lamarckismo): de Jean-Baptiste de Monet Lamarck (1744-1829); O Lamarckismo é uma doutrina evolucionista exposta em 1809, na Obra Filosofia Zoológica. De acordo com a teoria de Lamarck ou Lamarckismo, a evolução das espécies estaria na seguinte sequência de fatos:
- As mudanças ambientais originam novas necessidades;
- Estas determinam o uso ou desuso de uns ou outros órgãos;
- Tais órgãos desenvolvem-se ou atrofiam, respectivamente;
- Os caracteres assim adquiridos são hereditários. A teoria de Lamarck ou lamarckismo costuma condensar-se na frase: a função cria o órgão e a herança fixa a mudança nos descendentes. Consequentemente, a origem do homem seria o pensamento dos macacos;
- O exemplo típico que se coloca para explicar a teoria de Lamarck é a evolução do pescoço da girafa devido ao esforço de comer folhas das árvores;
I. Esta teoria era também uma teoria sobre a origem do homem;
II. Portanto o Evolucionismo: é uma teoria e não um fato científico comprovado. Está em busca do elo perdido, ou seja, do organismo ancestral tanto de humanos (que são bípedes) como dos grandes macacos (chimpanzés e gorilas, que são quadrúpedes) que comprovaria assim a teoria como certa;
Ø Indico aqui o Filme O Elo Perdido: Título original: (Man to Man) Lançamento: 2005 (França, África do Sul, Inglaterra) Direção: Régis Wargnier Atores: Joseph Fiennes, Kristin Scott Thomas, Iain Glen, Hugh Bonneville. Duração: 122 min Gênero: Drama. Status: Arquivado.
ü Foi elaborado pelo inglês e antropólogo Charles Darwin (1809 – 1882): que defendeu a evolução natural de todas as espécies oriundas de seres primitivos e inferiores, e não de criação divina. Mas também a seleção natural, ou seja, aqueles que se desenvolveram melhor foram os que tiveram a chance de se adaptar as inumeras mudanças que ocorreram em nosso planeta, aonde a “Seleção Natural” se dar devido o mais forte evoluir e o fraco desaparecer;
ü Resume-se assim: a Teoria de Darwin da seleção natural/Teoria biológica da seleção natural exposta na obra fundamental A Origem das Espécies, em 1859. Em relação à doutrina evolucionista de Lamarck, Darwin propôs como motor básico da evolução a seleção natural que se poderia ser sintetizada nos seguintes pontos:
- Os indivíduos apresentam variações;
- A escassez de alimentos obriga-os a lutar pela existência;
· Os indivíduos dotados de variações vantajosas têm mais probabilidades de alcançar o estado adulto, reproduzir-se e legar as referidas variações à sua descendência; Do ponto de vista da filosofia, a teoria da seleção natural de Darwin baseia-se na corrente denominada emergentismo; Posteriormente, Darwin acrescentou na sua obra A Origem do Homem e a Seleção Sexual (1871) um novo fator, a seleção sexual, mediante a qual as fêmeas ou os machos escolhem como casal os que apresentam qualidades mais atrativas;
ü O Evolucionismo é algo puramente mecânico e inerente à natureza, não há participação de nenhum Deus;
ü O homem e o macaca são da mesma origem: o primata Driopteco, da origem ao Australoptecus robustus, ao Africanos e depois ao Homo Habilis, daí então vem a seguinte escala: Homo Erectus, Homem de Neanderthal, Homem de Cro-Magnon e o Homo Sapiens, que somos nós, contudo cadê o elo perdido que liga o primata à mesma espécie humana? Vejam os quadros abaixo:
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| Evolução humana segundo Evolucionismo |
ü Esta Teoria precisa mais de fé do que de razão para se acreditar nela.
1.2.Teoria da Criação/ Criacionismo (ROSA, 2008):
ü Busca a origem do homem a partir de um ato divino, o que é negado pela ciência que a rotula como mito[6];
ü Afirma ser o homem não somente matéria, mas espírito também;
ü O Criacionismo é teológico e fundamenta na Bíblia a criação do homem por ato divino;
ü Busca provar cientificamente que o homem foi feito de compostos orgânicos encontrados na terra como diz Gênesis 3:19; Outrossim, é quando o homem deixa este plano físico partindo para o espiritual sua matéria vira pó, quer seja enterrado em terra quer seja cremado;
ü Defende que o homem também foi criado com uma constituição espiritual à imagem e semelhança de Deus (Gn. 5:1-2);
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| Adão e Eva na visão Criacionista |
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| Charge de Darwin conversando com Deus. |
ü Afirma que o ser humano é um ser complexo e não, um ser inferior sujeito à evolução inconsequente e irracional, passando por fases de primata ao homem inteligente;
ü Descredibiliza toda teoria contraria a verdade bíblica, mesmo que esta tenha boa intenção;
ü Defende o monogenismo, Doutrina que ensina que o homem (Raça humana), originou-se de um único casal em detrimento do poligenismo que aceita que a raça humana deriva de vários casais diferentes;
ü Verdade ultima para a Teologia: o homem é criação divina sendo sua imagem e semelhança no estado original. Deus o fez para dominar e administrar a fauna e a flora, portanto, não o fez para evoluir de outros animais, mas sim para ser o dominador e senhor de toda a criação (Gn. 1:26-31).
CAPÍTULO 2. A NATUREZA DO HOMEM (ROSA, 2008)
ü O homem é constituído de duas substâncias: a material/corpo e a imaterial/alma-espírito conforme afirma o Gênesis capítulo 2:7.
2.1. As teorias da constituição do homem:
a) Teoria monista: Monismo (do grego mónos + ismo = Criada no século XVIII pelo pensador alemão Christian Wolff, significa literalmente doutrina da unidade) teoria filosófica segundo a qual o conjunto das coisas pode ser reduzido à unidade, quer do ponto de vista da sua substância, quer do ponto de vista das leis (lógicas ou físicas) pelas quais o universo se ordena. O Monismo toma como base de todo ser uma única substância ou uma única espécie de substância. Opõe-se ao dualismo e ao pluralismo, pois reduz as relações a um princípio fundamental, único ou unitário, que tudo explica e contém. No caso em estudo, o Monismo defende que o homem é composto de corpo/alma inseparáveis, morrendo um morre o outro (ROSA, 2008);
b) Teoria dicotomista: de dicotomia ou dicótomo (do grego διχοτομία: dicotomia); divisão em duas partes, classificação que se baseia na divisão e subdivisão sucessiva em dois; no caso em estudo é a teoria que ensina que o homem se constitui de corpo e alma (heb. Nephesh; שפנ: Alma) ou corpo e espírito (heb. Huach; חעור: espírito) sendo alma e espírito expressões que indicam “vida”, “fôlego de vida” ou “força vital”, termos sinônimos usados para indicar o mesmo elemento (ROSA, 2008). Pois, as escrituras não distinguem entre alma e espírito, mas os identificam como uma única entidade na qual possuem expressões diferentes (Hb. 12:23; I Pe.3:19);
c) Teoria tricotomistica: desde já antecipo que a maioria dos cristãos acredita na tricotomia e na dicotomia. A tricotomia defende que o ser humano é composto por corpo: a parte materializada a casa, o templo do imaterial; alma: a sede das emoções, vontade e razão é inseparável do espírito; o espírito: seria o elemento religioso a parte espiritual eterna e portadora da alma. Tanto corpo, quanto alma como espírito pecam, porque são partes de um único ser o “humano” (I Ts. 5:23). Em suma Deus criou o homem em dois elementos distintos, um material: o corpo. E outro espiritual: a alma e espírito. Não há na Bíblia uma defesa sobre tricotomia ou dicotomia o certo é que ela ensina que Deus criou o homem material e imaterial.
d) Origem da Alma humana:
I. A teoria da pré-existência – desenvolvida por Platão (429-348 a. C) ensina que a alma já existia em um estado anterior ao humano, ela entra no corpo na hora do nascimento do indivíduo. Doutrina defendida pelas religiões orientais da transmigração da alma, o mesmo que reencarnação (Budismo, Hinduísmo, Espiritismo e outras);
II. A teoria criacionista – defendida por Agostinho, Tomás de Aquino, Calvino e outros. Afirmam que Deus coloca o espírito dentro do homem e que na morte ele volta a Deus, portanto não é hereditária a formação do espírito humano. Os pais não podem criar o espírito dos filhos, mas Deus os cria instantaneamente na hora da concepção. Um erro destes grandes pensadores cristãos, a espécie humana de acordo com a Bíblia é propagada num todo e não em partes, portanto conforme os ensinamentos que cremos o corpo, a alma e o espírito foram criados por Deus, mas Deus doa ao homem o dom de gerar novos seres semelhantes por geração natural;
III. A teoria traducianista – defendida por Lutero, Jonatham Edwards, Russel Shed e outros. Ensinam que ao criar Adão e Eva Deus os deu a capacidade de propagarem por geração natural toda a raça humana (Gn. 1:28), cabendo aos pais o dom de gerar o corpo, a alma e o espírito de seus filhos. Por sermos uma espécie, a idéia de espécie subtende a propagação de todo individuo saindo dela, portanto, por geração natural. É nisto que cremos (ROSA, 2008).
CAPÍTULO 3. A IMAGEM DE DEUS NO HOMEM (ROSA, 2008)
3.1.A natureza da imagem de Deus no homem:
ü Imagem e semelhança com Deus referem-se à representação do caráter, parecido em pureza moral, mas não idêntico. O homem não pode ser apontado como imagem física de Deus, haja vista, ser Deus espírito. Imagem (heb. Tselem: םלצ) e semelhança (heb. Demút: תומד), ambas as palavras são usadas no hebraico para indicar representações, ou algo parecido, que refletem outra imagem semelhante de uma anterior, mas não é a mesma. Pois, uma imagem e semelhança (a de Deus) são a criadora, enquanto a outra imagem e semelhança (a do homem) são a criatura (Gn. 1:26-27).
a) A imagem de Deus no homem após a queda: na verdade, o homem adquire a imagem e semelhança de Adão e Eva. O que sobra de Deus e que se assemelha a Ele herdados pelo homem é distorcido, como: moral, ética, justiça, amor, razão, consciência, autonomia etc. (Gn. 5:1-3);
b) A restauração da imagem de Deus no homem: só foi possível devido o sacrifício vicário de Jesus Cristo (Rm. 5:12; 3:23-25), este sacrifício, pela fé, restaura a comunhão original com Deus, ou seja, por meio de Cristo os que creem no plano redentor são transformados segundo a imagem e semelhança de Deus (Cl. 3:10). O Espírito Santo através da santificação vai passo a passo, restaurando os aspectos espirituais, morais, emocionais, sociais etc., que tínhamos antes da queda á medida que vamos abandonando o pecado e se aproximando de Deus. Pois não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores descendentes de Adão (Rm. 7:15-20). Contudo, em Cristo o crente aguarda o grande dia em que será transformado recebendo um corpo glorioso, agora definitivamente à imagem e semelhança de Deus para viver eternamente ao lado do Senhor (I Ts. 4:16-17).
CAPÍTULO 4. A ORIGEM DO PECADO (ROSA, 2008)
ü Deus havia criado todas as coisas inclusive anjos e homens e viu que suas criações e criaturas eram boas, contudo, o mal e o pecado separaram o homem e boa parte dos anjos de Deus.
4.1. Diferenças entre mal e pecado:
I. Mal: é a possibilidade que pode ocorrer a partir de um ser bom. Há quem acredite que o mal sempre existiu, ou seja, têm o bem e o mal como eternos. Porém, o relato bíblico difere desta tese, a Bíblia ensina que somente Deus é eterno e nada mais. Tudo veio à existência, só Deus é eterno e auto-existente. Assim sendo o mal tem um princípio; o começo de todo mal se dar com a origem do pecado. Deus é bom, perfeito e santo. Criou o universo e tudo que nele há. De toda a criação divina, a bíblia relata duas espécies criadas a quem Deus deu a faculdade do livre-arbítrio: os anjos e os homens. Foram criados em perfeição. Deus mesmo disse a respeito de sua criação “que era muito bom” (Gn 1.31). A criação não conhecia o pecado, a criação não conhecia o mal. O pecado e o mal não existiam. A possibilidade do mal residia na virtude da liberdade de escolha dada por Deus aos anjos e aos homens. Eles tinham o poder de escolher permanecerem no estado de santidade ou rejeitá-lo;
II. Pecado: é aquilo que é concreto e ativamente contrário ao caráter de Deus. Então, alguns anjos e a humanidade em Adão e Eva escolheram o pecado e consequentemente o mal, tudo pela liberdade de escolha dada por Deus. A iniqüidade (o mal) nasce do meio angelical. Lúcifer era querubim ungido. Os querubins servem diante do Altíssimo. O Senhor o estabeleceu no monte santo de Deus. Foi colocado no Éden (diferente do Jardim do Éden em que foram colocados Adão e Eva). Era perfeito, desde o dia em que foi criado, até que se achou iniquidade nele. O principio do mal está em Ezequiel 28.15 “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti.” O mal nasce no coração de Lúcifer, brota em seu coração. Sem nada que o influenciasse negativamente, até porque não havia o mal. O pecado que é achado no coração de Lúcifer é rejeitar o propósito para o qual foi criado. É usar seu poder de escolha para rejeitar a vontade do seu criador
III. A rebelião angelical: a qual Lúcifer conseguiu arregimentar para seu exército maligno a terça parte das estrelas do céu, neste caso dos anjos (Ap. 23:4), apresenta-se hoje como câncer em famílias, organizações e igrejas. Onde o rebelde rejeita sua posição, função e responsabilidade e tenta suplantar a autoridade sobre sua vida. Isso é chamado de complexo de Lúcifer, ou seja, o sentimento de total rejeição à autoridade constituída. Ele é como o câncer que vive, ou procura uma vida autônoma dentro do grupo de órgãos, contaminado outros com a semente da serpente. O mal teve um princípio e seu nome é pecado. E seu autor é Lúcifer, agora conhecido por, dentre outros títulos, Satanás, o adversário.
IV. A condenação eterna dos anjos rebeldes: a Bíblia nos informa que os anjos rebeldes são aqueles que liderados pelo Querubim Lúcifer (Querubim da Guarda, sua função era guardar e proteger; sobre ele ser regente do coral de Deus ou ministro de louvor é mito e não há comprovação bíblica), rebelaram-se contra a autoridade de Deus. Na mesma ocasião outro grupo abandonou o domínio de Deus, desertando do Exército Celeste. O grupo liderado por Lúcifer (Anjo de luz, Estrela da Alva ou aquele que brilha), fora expulso por Deus do Céu (Ap. 12: 4-9), estes já estão condenados ao lago de fogo eterno. O grupo desertor, que preferira ficar neutro, não assumindo partido no momento da rebelião de Lúcifer abandonou o céu, fora aprisionado no abismo (Jd. 6), onde ficará até a Grande tribulação quando será solto para cumprir o propósito de Deus (Ap. 9:14-16) e depois serem julgados no juízo final. Já os anjos que permaneceram fiéis a Deus são conhecidos como “anjos eleitos”, pois fizeram sua escolha eterna, ficaram ao lado do Senhor, servindo-lhes livremente e trabalhando em favor da Igreja.
V. Maiores esclarecimentos sobre origem do pecado, bem e mal ler Rosa (2008), páginas 131 a 144.
CAPÍTULO 5. O PECADO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
· O pecado existe e está impregnado na natureza humana (Rm. 5:12). O ser humano peca porque é pecador, já nasce assim, no Salmo 51:5 diz: "Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe.", isso não quer dizer que o crente deverá continuar no pecado, ou seja, na prática. Mas, sim deverá viver em novidade de vida (At. 15:28-29). Porém, os ímpios não têm conhecimento sobre esta verdade, pois as ciências humanas não reconhecem o pecado e acaba dando lhe nomes diferentes como: ignorância; falha de caráter; desvio de conduta etc. Mesmo que o indivíduo crente ou não seja educado para não cometer erros ele vai errar devido o pecado que habita na natureza humana (Rm. 7:15-20).
5.1.A doutrina do pecado, conhecida também como: Hamartiologia: Há duas palavras gregas, dentre outras, para definir pecado: "HARMATIA" (transgredir, pecar contra Deus, praticar o mal) e "ADIKIA" (iniquidade, maldade, injustiça). Duas questões precisam ser esclarecidas sobre o pecado:
I. Em Relação a Deus: Deus não pode pecar, e, no entanto o plano de Deus “precisaria” ter incluído a permissão para a entrada do pecado no mundo, já que desde a eternidade incluía um Salvador;
II. Em Relação a Satanás: o pecado foi achado em satanás (Ez 28.15). Esta afirmação é o mais próximo que a Bíblia chega de uma indicação da origem do pecado.
a) Teoria pelagiana, sustenta basicamente que todo homem é totalmente responsável pela sua própria salvação e, portanto, não necessita da graça divina. Segundo os pelagianos, todo homem nasce "moralmente neutro, sem culpa", sendo capaz, por si mesmo, sem qualquer influência divina, de se salvar quando assim o desejar. Pelágio insistia que a queda de Adão afetara apenas a Adão e não aos seus descendentes, e que se Deus exige das pessoas que vivam vidas perfeitas, ele também dá a habilidade moral para que elas possam fazê-lo. Embora considerasse Adão como "um mau exemplo" para a sua descendência, suas ações não teriam consequências para a mesma. Sendo o papel de Jesus definido pelos pelagianos como "um bom exemplo fixo" para o resto da humanidade (contrariando assim o mau exemplo de Adão), bem como proporciona uma expiação pelos seus pecados, tendo a humanidade em suma, total controle pelas suas ações, peca se quiser. Posteriormente, Pelágio reivindicou que a graça divina era desnecessária para a salvação, embora facilitasse a obediência.
b) Teoria arminiana: é semi-pelagiana, pois considera apenas como culpado aquele que tem consciência do pecado e não aquele que nasce pecador. Arminius (1560-1609) foi um teólogo reformado holandês que estudou em Leiden e Genebra. O Arminianismo é uma revisão moderada teológica do calvinismo, que limita o alcance da Predestinação. Em suma ensina que o homem está doente, devido o pecado de Adão, por isso, sem a ajuda divina jamais alcançará a salvação. Contudo, o homem só pode ser culpado de seu pecado quando está consciente que pecou. E defende que a justificação é somente pela graça, pois não havia merecimento em nossa fé, pois é somente através da graça proveniente de Deus que a humanidade caída pode exercer essa fé. Em outras palavras, é Deus quem nos escolhe e, não, nós que aceitamos o plano de salvação elaborado por Deus. Pois, esta pré-decisão da parte de Deus para salvar aqueles que se arrependem e creem não é definitiva. Assim, ensina Arminius, a predestinação é uma predestinação condicional, uma vez que a predeterminação do destino dos indivíduos é baseada na presciência de Deus. Ou seja, da maneira em que eles vão querer livremente rejeitar a Cristo, ou aceitá-lo livremente.
c) A teoria Agostiniana: elaborada por Agostinho (354-430 d.C.), esta teoria ensina que Deus imputa o pecado de Adão, imediatamente, à sua posteridade por causa da relação orgânica e vital entre Adão e os seus descendentes. Por ocasião da queda, a raça era Adão e Adão era a raça. "No ato livre de Adão, a vontade da raça revoltou-se contra Deus e a natureza da raça se corrompeu em Adão” Strong (2002). A raça humana pecou e caiu, e o pecado de Adão era o pecado da raça. O pecado de adão é nos imputado, portanto, não como algo estranho a nós, mas como apropriadamente nosso. Deus reconhece-nos pecadores, membros da mesma raça humana decaída, por se haver revoltado contra ele. A raça que era a unidade no começo da sua existência pecou e caiu, e, naturalmente, todos quantos dela descendem nascem com uma natureza corrompida, isto é, debaixo da condenação de Deus, porque toda a raça estava condenada. Quando se diz, pois, que Deus imputa a nós o pecado de Adão, afirma-se que Deus reconhece a nossa íntima relação com Adão, assim como também reconhece o estado moral em que nos achamos, como diz Rm. 5:12 “a morte passou a todos porque todos pecaram" significa que toda a raça pecou em Adão, seu cabeça natural. Esta teoria é que mais se harmoniza com as escrituras e baseia-se nela, e é a aceita pelos cristãos evangélicos, católicos e protestantes.
d) Consequências do pecado: diretamente foi a morte física, todos os homens estão condenados a enfrentarem a morte física por causa do pecado de Adão (Gn. 3:1-11; Rm. 6:23). O pecado gerou a separação entre o homem e Deus, ouve uma quebra de comunhão/aliança por parte do homem, isso é conhecido como morte espiritual, ou seja, o pecado nos separou de Deus (Ef. 2:14). A morte espiritual levou o homem à morte eterna, isto é, o homem poderá ficar por causa do pecado toda a eternidade longe de Deus. Somente através de Cristo a condenação eterna é anulada (Rm. 3:23-25).
e) Todas as outras informações sobre o pecado e suas consequências vide Rosa (2008), páginas 147-150.
Professor Nilton Carvalho é Historiador, Especialista em Educação e Hebraico Bíblico pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), Pesquisador sobre Ensino Religioso no Brasil, Teólogo e mestrando em Ciências da Religião.
http://www.palavradevidaemcristo.blogspot.com/ http://historiaeculturandc.blogspot.com/ http://educabrasilculturaehistoria.blogspot.com/
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5ªed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
PLENITUDE, Bíblia de Estudo. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2001.
REYMOND, Robert L. A New Systematic Theology of the Christian Faith. Nashville: Thomas Nelson Publishers: USA, 1998.
ROSA, Isaías. Teologia Sistemática – O estudo das Doutrinas Bíblicas. Pindamonhangaba – SP. IBAD, 2008.
RYRIE, Charles C., A Bíblia Anotada: edição expandida. Ed. Revista e expandida, São Paulo – SP: Mundo Cristão; Barueri, SP; Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.
SILVA, José Américo Seixas. Dr. Professor. In. Psiquiatria forense, 2004. Disponível em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=35&sec=78 acesso em 26/05/2011.
STRONG, Augustus. Teologia sistemática. Vol. 1. Trad. Augusti Victoriano, São Paulo, SP. Hagnos, 2002.
[1] Holisticamente: Holística é um termo que vem do grego “holos” igual ao todo, mais que se inspira também da palavra inglesa “wholy” igual ao sagrado, santo. Holística é, por conseguinte um termo que ao mesmo tempo indica uma tendência ao ver o todo além das partes, no caso da Bíblia e da Teologia Sistemática o teólogo considera esse todo como santo e sagrado. Por exemplo, A visão holística de uma empresa equivale a se ter uma "imagem única", sintética de todos os elementos da empresa, que normalmente podem ser relacionados a visões parciais abrangendo suas estratégias, atividades, informações, recursos e organização (estrutura da empresa, cultura organizacional, qualificação do pessoal, assim como suas interrelações). Portanto, o teólogo sistemático vê o todo das escrituras sagradas a partir das pequenas informações, relatos, práticas etc., santas; ou seja, uma visão macro a partir do micro (JAPIASSÚ, 2008, com adaptações do professor).
[4] A teoria da evolução: acredita-se que a princípio, não existiam seres vivos possuidores de coluna vertebral. Antes do surgimento dos primeiros vertebrados milhões de anos se passaram na história da evolução. Os primeiros a aparecer surgiram com o planeta em processo de evolução e não de criação divina, eles tinham a forma de peixe, e somente milhões de anos após é que os primeiros anfíbios passaram a existir, e depois vieram os répteis, pássaros e mamíferos. Para a ocorrência de todo esse processo, ocorreram inúmeras explicações, contudo, a mais conhecida foi desenvolvida por Darwin (teoria evolucionista), de seu livro “Evolução da Espécis”. Ele se fez notar quando observou que não existem duas plantas ou dois animais exatamente iguais. Observou-se que partes dessas diferenças são benéficas para a obtençãode mais alimento, fato que permite uma melhor formação e um tempo de vida mais prolongado. Essas variações passaram de geração para geração e foram muito úteis para o desenvolvimento dos seres vivos. Após milhões de anos, a aparência de animais e plantas ficou bem diferente do que era. Aqueles que se desenvolveram melhor, foram os que tiveram a chance de se adaptar as inumeras mudanças que ocorreram em nosso planeta (seleção natural o mais forte evolui o fraco desaparece). Ou seja, as espécies sofrem, ao longo das gerações, uma modificação gradual que inclui a formação de novas raças e de novas espécies, de acordo com essa doutrina, cada espécie animal ou vegetal teria sido criado independentemente do ato divino (JAPIASSÚ, 2008, com adaptações do professor).
[5] Teoria da Criação divina/Criacionismo: é a crença religiosa de que a humanidade, a vida, a Terra e o universo são a criação de um agente sobrenatural, ou seja, uma criação divina. Deus tirou o universo do nada (lat. ex nihilo), isto é, o produziu sem matéria pré-existente, mas criou para cada individuo uma alma imortal. No entanto, o termo é mais comumente usado para se referir à rejeição, por motivação religiosa, de certos processos biológicos, particularmente a evolução das espécies ou Evolucionismo (JAPIASSÚ, 2008, com adaptações do professor).
[6] Mito: (do grego antigo μυθος, translit. "mithós") é uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma dada cultura. O mito procura explicar à realidade, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses e heróis; Ex.: mitos de Ísis e Osíris, o mito de Prometeu etc.
[7]Imputação: o termo imputar significa atribuir culpa ou delito a outro, portanto, imputar é o mesmo que atribuir a outro, diferentemente do simples “atribuir”, que pode ser auto-aplicado (eu me atribuo). Assim sendo, como imputar só pode ser utilizado em relação à outra pessoa. Uma pessoa considerada "imputável" é aquela sobre quem podemos atribuir alguma coisa, seja uma culpa, um delito, uma responsabilidade. No caso em estudo Rosa (2008), afirma com base bíblica que o pecado de Adão também é nosso, ou seja, somos pecadores por herança adâmica, então somos culpados com Adão (SILVA, 2005. Com adaptações do professor. Disponível em: http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=35&sec=78 acesso em 26/05/2011).




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